far out

8 de outubro de 2007

dreams are paranoia

escrevo nas escadas uma mensagem sem significado. se a tua morte acontecesse agora, eu ficava sozinho a olhar em volta. talvez fosse até ao rio ou à beira-mar para ouvir um barulho que reconhecesse como meu. e depois não sei. não sei o que faria depois. talvez procurasse a minha imagem numa superfície espelhada. reconhecer algo familiar que apenas imagino do dia-a-dia do presente sacrifício. se eu não me chamasse deus, chamar-me-ia suse ou joão. noto, quando simulo a tua morte, que as pessoas falam demais. passam o tempo a falar de coisas que não interessam ao menino jesus nem à mãe dele. apesar de considerarem bastante importante dizerem palavras e frases que significam qualquer coisa como... deixa ver... como... ah! estamos vivos e, como respiramos, podemos aproveitar para utilizar as cordas vocais e emitir sons. isto é o que eu penso que eles acham... para mim, são só ruídos. se a tua morte tivesse acontecido naquele momento que eu referi, só o mar me poderia deixar calmo. e tenho quase a certeza de que seria tão difícil chegar-me a ele como é existir e fingir o contente que estou com o meu silêncio no meio das conversas dos adultos. a morte satisfaz poucos. mal comparando, se eu não me chamasse deus, talvez não me importasse de me chamar morte. escrevo nas escadas um gatafunho para o caso de passares e quiseres saber.

1 comentário:

© Maria Manuel disse...

tocou-me muito este texto, jm.
consegues exprimir na escrita alguns pensamentos que eu tenho :)